sábado, 6 de outubro de 2007

Tropas e Caldeirões

Assassinatos diários. Roubo. Estupro. Mortes e mais mortes. Quem mora nas periferias das grandes cidades brasileiras já está acostumado com palavras tão deprimentes. Elas caracterizam um país onde se perderam todos os princípios que norteiam a preservação da vida humana. Longe dos centros, dos bairros de luxo, das baladas da classe média, milhares de brasileiros morrem nas esquinas, nos becos, nas vielas, nos morros. Um tiro, uma facada, uma droga, um golpe, quais outras maneiras faltam para dizimar aquele que não é cidadão? O que falta mais para se execrar de vez os excluídos dos “Brasis”?.

Com poucas alternativas, a periferia pouco consegue reverter esta situação. As alternativas que lhe restaram foram se jogar nos braços da igreja, na esperança de ter seu paraíso pós-morte, ou se jogar nos braços dos líderes criminosos, que pela ineficiência do Estado, tornam-se governantes das terras sem- lei.

Na semana passada, um polêmico artigo do apresentador Luciano Huck publicado pelo jornal Folha de São Paulo, mostrou a temerosidade de um homem rico diante dos mesmos problemas enfrentados na periferia dos pobres. Huck procurou fazer um desabafo sobre a violência que sofrera (ele foi assaltado em São Paulo, no qual dois bandidos levaram seu relógio).A publicação rendeu ao apresentador global uma enxurrada de críticas. Diziam que aquela sua reação se dava apenas porque a violência aconteceu com ele. Em entrevista a revista Veja, Luciano Huck se defende: “Quem pegar as cartas dos leitores vai ver um monte de manés que escreveram. Garanto que já fui milhares de vezes mais do que eles à periferia. No domingo, andei no Complexo do Alemão. Vou, converso com as pessoas. Vejo o que acontece no país”.

Luciano foi feliz em sua defesa. Não se mostrou como um rico insensível, que vive no seu mundo de celebridade, e de milhões de dólares. Ele simplesmente se mostrou como um cidadão, que independentemente de sua posição social, sabe que o país passa por sérios problemas.

E para afomentar o debate inconclusivo, a estréia oficial e extra-pirata do filme Tropa de Elite, de José Padilha, coloca em questão a confiabilidade da polícia e evidencia ainda mais decadência da segurança pública em nosso país.

Ambos os casos, atingem diferentes camadas. O primeiro publicado em meios de mídia elitizados como um jornal e uma revista semanal, atingiram públicos de alto escalão. Já o segundo, com milhares de cópias piratas dissipou-se pelo restante das classes sociais.

Enfim, todo os “Brasis” estão no centro do debate, mas possui duas alternativas: ou viveremos este momento como mais um ou usaremos o “hoje” para desenvolvermos medidas práticas de mudanças. O fim desta novela sanguinária depende de cada um dos brasileiros, quer ricos, quer pobres.

Um comentário:

Heloísa Pantoja disse...

Olha, gostei muito do eu texto.

Gostaria de atentar para um ponto.
O Luciano Huck fez uma crítica, um apelo, um desabafo com toda a razão.
Os pobres quando fazem apelos também tem toda a razão.
Sabe o que tem em comum entre eles???
Ambos são ouvidos.
Mas a classe média, na minha opinião é a que tem menos voz, pois, por um lado, quem os vê reclamando acha que não tem motivos porque não são pobres, e por outro, porque não são ricos o suficiente para que o que dizem seja "importante".
Assim como a classe média ,todo o país está numa situação muito critica...vamos ver aonde isso vai parar.

Beijo Max e parabéns pelo texto.