domingo, 28 de outubro de 2007

Outro capítulo de um romance policial

Talvez com um número compatível ao de leitores de Agatha Christie, os espectadores da política brasileira acompanhem os últimos casos recorrentes. A escritora mais reconhecida por conta de seus romances policiais, ganhou o título de “A rainha do Crime”. E a semelhança com a política nacional não gira apenas em torno do número de acompanhantes das obras – literárias e últimas do Senado – constrói-se também por conta das ilimitadas acusações, investigações e dossiês que compõem a epopéia de Renan Calheiros e seu mandato.

O senador Jerfferson Péres, relator do processo contra Renan está sendo submetido a uma série de acusações desde que aceitou relatar o processo para investigar a participação de Calheiros numa sociedade secreta, que comprou veículos de comunicação em Alagoas. Forjaram-se comentários e acusações contra o senador-relator colocando em xeque sua credibilidade e isenção.

Senadores receberam um dossiê contendo acusações e registros contra o colega amazonense Péres. Os documentos que chegaram em um envelope eram um DVD e uma folha de papel. O conteúdo exibido em 5 minutos sugeria o envolvimento do senador numa fraude financeira contra uma siderúrgica, na década de 70. Caso já utilizado antes para constrangê-lo. Diz-se que os boatos e as acusações já teriam uma provável procedência – assessores de Renan Calheiros.

Durante os últimos dias o relator do processo esteve ocupado reunindo documentos para comprovar sua inocência. Péres requisitou uma série de certidões à Agência Brasileira de Inteligência e à direção do Senado. A Abin tratou de informá-lo que nunca haviam sido realizadas apurações que pudessem tê-lo comprometido. As acusações também alcançam seu círculo familiar, ao atingirem sua esposa – como assalariada do senador – e amigos que supostamente ganhariam passagens aéreas.

Todavia, Jefferson Péres adverte, desde já, que as “acusações e comentários da tropa de elite de Renan, não vão alterar uma linha” de seu relatório. Alguns membros de Senado partilham da opinião que o dossiê é mais uma prova de que estabeleceu-se um vale-tudo para preservar o mandato de Renan Calheiros, porém o nível de baixarias foi descendo a medida que subiam as possibilidades de Renan perder o mandato. O nível de estratégia dos assessores de Renan chegou ao ápice da criação com os planos de espionagens de alguns outros senadores – ratificando o vale-tudo.

“Agora, as armas recorrentes no Senado são chantagens, ameaças e constrangimentos, utilizados as claras, sem a preocupação de ocultar autores”. – afirma outro grupo de membros do Senado. Para Renan Calheiros existe um conjunto de documentos, recibos e testemunhas mostrando que o presidente licenciado comprou na clandestinidade, usando pessoas de sua confiança – os chamados laranjas, um grupo de comunicações. O caso pode levar o senador a perder, definitivamente, seu mandato. E ainda quanto a primeira gama de acusações, referentes ao relator Péres, constatou-se que no dossiê existem impressões digitais de assessores de Renan.

Impressões digitais, acusações e clandestinidade são alguns dos elementos que compõem um relato policial. No caso dos romances da escritora inglesa, seus leitores são levados facilmente pelo enredo, pela trama e pela forma como as coisas se desenvolvem antes de serem solucionadas. Ao contrário do cenário político brasileiro, as lacunas se constroem no exato momento em que vislumbra-se a resolução dos casos.

O enredo e a trama do Senado brasileiro contam com componentes cíclicos e personagens que desconhecem quaisquer possibilidades de punições. Diferente dos leitores de Christie, os leitores brasileiros fecham seus livros para não serem obrigados – a qualquer momento – a reiniciar a leitura.

7 comentários:

Anônimo disse...

Oi Fá!
Como não entendo de política só estou passando aqui pra dizer que admiro o seu senso crítico e também para elogiar o seu desempenho neste blog. Assim como todos os seus colegas, vocês têm feito um ótimo trabalho, levando informações sobre diversos assuntos para todos.

Beijos da sua irmã que te admira muito!

Andrezza

Anônimo disse...

Realmente a política como um todo no Brasil esta se mostrando cada vez mais "podre" e a cada dia que passa o romance policial se torna uma historia de terror.
O que acontece é que no senado todos estao envolvidos. nao importando o partido, todo mundo la dentro tem um rabo preso com um deputado ou um assessor e o interessante sera agora com todos se acusando que poderemos ver quem é quem la dentro.
O receio é apenas um...que mesmo com todas as denuncias e acusações continuem os mesmos "porcos" por la fazendo as mesmas coisas bem abaixo dos narizes do povo, o que eu, sinceramente, nao acho dificil, pois no nosso pais: "para tudo se da um jeito"

Abraço a todos

Anônimo disse...

Jefferson Péres... Fabíola Perez
é seu tio??


Brincadeiras a parte, concordo com o excelente comentário do caro leitor Fabrício, a política é uma rede de "rabos presos", e o pior, quem tem a função de relatar, é tão corrupto quanto o relatado.
E o ponto principal é que infelizmente sabemos que essa situação não tem fim, pelo menos a curto e médio prazo não.

Creio que essa situação mudará apenas quando a vida política passar a ser uma rotina e não apenas uma obrigação ao povo brasileiro.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

É...fechar o livro da política brasileira é realmente uma opção tentadora...capítulos cada vez mais deprimintes, sempre uma nova desilusão! Será que "A rainha do crime" não tem uma solução para o nosso caso?
Brasileiro sofre...e como sofre!

Unknown disse...

Muito boa a matéria!

É triste... O senador Jeferson Peres, assim como Eduardo Suplicy e Pedro Simon, são algumas das figuras que eu ainda respeito no congresso brasileiro.

Espero que ele não caia em meu conceito, como Mercadante já caiu.

Parabéns!
Beijos!

Anônimo disse...

BRASILEIRO SO NAO SOFRE MAIS QUE CORINTHIANO...
HAHAHAHHAHAHAHA
FALO ISSO POR EXPERIENCIA PROPRIA..
MAIS GASTO!!!