terça-feira, 9 de outubro de 2007

Guerra urbana nas telas


O filme Tropa de Elite tem gerado muito burburinho, primeiro, porque quem comentava sobre o filme antes do dia 5 de outubro, comprou uma das, aproximadamente, um milhão de cópias piratas que estão sendo vendidas desde agosto; e segundo porque o filme mostra, com muita veracidade, as guerrilhas nas favelas cariocas.

Capitão Nascimento é o narrador e personagem principal do filme, interpretado pelo ator Wagner Moura. O filme mostra a busca de Nascimento por um substituto, pois ele está prestes a ter um filho e quer sair do Bope - Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar - para não estar envolvido com tantos riscos.

Um dos possíveis substitutos, o novato André Matias, está inserido num núcleo bem interessante. Ele é estudante de direito, e esconde de seus colegas que é policial, colegas esses que, por um lado, são totalmente contra a violência policial, mas por outro, compactuam com os bandidos de quem compram drogas. Alguns deles fazem trabalho comunitário na favela e estão bem próximos da realidade dessas pessoas. Vêm de perto o que passam na mão dos traficantes, mas ainda assim compram drogas.

Esse é um ponto de vista interessante, pois esses “playboyzinhos” que sustentam o crime, se escondem por trás de passeatas pela paz, para mostrar suas boas intenções e justificar seus atos.
Mas se realmente se importassem com o problema da violência, não continuariam a fazer o que sabem que sustenta o crime.

“O usuário recreativo sabe que as drogas que ele compra vêm de grupos armados que controlam comunidades carentes. Ele faz uma escolha consciente de sustentar o crime. Não há como argumentar contra esse fato”, diz o diretor do filme, José Padilha, em entrevista a Veja.

Além disso, o filme mostra a realidade desses policiais treinados para serem irredutíveis, eles não tem contato com a população, para não ter a chance de pedir propina, e são muito violentos. Ameaçam moradores do morro, espancam e matam pessoas que trabalhem no tráfico.

Muitas denúncias por parte da população carioca não são de corrupção por parte dos policiais, mas sim de abuso de poder. Vemos isso sempre, quando um policial manda as pessoas fazerem coisas, muitas vezes, descabidas só porque estão fardados. Coisas que talvez não fizessem se não estivessem sem o “objeto de poder”, no caso a farda.


Muitas coisas estão erradas no nosso país. Os policiais não deveriam agir como bandidos, mas sim serem exemplos para a população. Mas não podemos esquecer que no Brasil, virou uma questão cultural se dar bem acima de qualquer coisa.
Pensando bem, como explicar para alguém que ganha um salário miserável que ela tem que ser sempre boazinha e não fazer coisas erradas, quando a maioria dos policiais são corruptos, quando os nossos políticos estão enchendo o bolso de dinheiro, e usando dinheiro público para dar pensão à suas amantes???

3 comentários:

Unknown disse...

No Brasil é tao perigoso ser policial que a farda não é mais símbolo de poder – sobretudo no Rio de Janeiro. Não assisti o filme ainda, mas acho q o BOPE é uma organização q desempenha um papel importante, afinal, subir o morro é um risco mto grande, fardado entao...so esses homens mesmo para optar por esse estilo de vida. acredito que o filme tropa de elite, por meio do personagem nascimento, busca ilustrar essa realidade, o quanto é dificil ser um policial e, demonstrando isso, acaba por exaltar o trabalho tao necessario dessas pessoas. O complicado é pensar no nivel de violencia q é utilizado para a execução das operações, o que pode ser tratado muitas vezes como abuso de poder - parece necessario - afinal, se somente os policiais tivessem armamentos conter os infratores seria mais facil e, talvez, dessa forma, o Rio de Janeiro não protagonizasse essa guerilha urbana absurda.
Bjs helo!!!

Heloísa Pantoja disse...

Adorei o seu comentário Elaine...não tinha pensado por esse ponto de vista, mas concordo com você e digo que o seu comentário é um bom complemento para o texto.
Quanto a ser policial, eu não sei como as pessoas tem coragem que querer ser hoje em dia, mas admito que eles são de extrema importância para a população (quando fazem seu trabalho honestamente, é claro, porque senão só um bandido a mais). Admiro os que não se corrompem e tem coragem para realmente combater o crime.
Bjo Elaine

Ewerthon Soares disse...

Confesso que não li o seu artigo, Lana, mas ainda sou da opinião que filmes como esse, por mais realidade que dizem mostrar, ainda são desnecessários.

A questão poderia ter sido mostrada de uma outra maneira que não fosse apelando para violência gratuita.