quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Na mão de poucos


Caros amigos e amigas, o mundo do business entrou em ebulição esta semana. O consórcio de bancos formado pelo RBS (Royal Bank of Scotland), Santander (Espanha) e Fortis (Bélgica) comprou 88% das ações do holandês ABN AMRO BANK, dono do Banco Real no Brasil. O negócio, segundo fontes do mercado financeiro, girou em torno de 100 bilhões de dólares, o maior já feito na história dos bancos.

Com essa união, Real e Santander, que ocupavam, respectivamente, o 5º e 7º lugar no ranking das maiores instituições financeiras tupiniquins, agora o consórcio se tornou o 3º maior conglomerado no ramo (ultrapassou o Itaú), tendo à frente Bradesco (2º lugar) e Banco do Brasil (1º lugar). É a posição mais alta na classificação já atingida por bancos estrangeiros.

Com esta aquisição, o Santander deve conquistar 15% do mercado na América Latina.

O mercado de bancos no Brasil se torna cada vez mais apetitoso para os grandes magnatas financeiros. No setor de crédito (em forte expansão no mundo todo), o país praticamente engatinha. No peso da economia brasileira representa apenas 33% do PIB, contra 60% dos emergentes e mais de 100% dos desenvolvidos. Brutal diferença, não?

O grande lance do sistema bancário brasileiro era a cobrança dos juros altíssimos. Eram os ovos de ouro da galinha. Com a queda dos juros, obviamente o lucro (característica básica do sistema capitalista) tinha de vir de outro lugar. Encontrou-se então as temidas taxas bancárias ou de “administração”, como queiram. Segundo a consultoria Austin Rating, os bancos faturaram apenas no 1º semestre deste ano com a cobrança de tarifas, a bagatela de 23,2 bilhões de reais. Mais do que o suficiente para cobrir a folha de pagamente de seus funcionários.

O grande temor de tudo isso, é que o crédito fique restringido à poucos poderosos, donos de impérios financeiros construídos a partir de privatizações nebulosas. Bem-vindo ao Brasil, caro leitor. O paraíso das falcatruas.

Com um mercado tão grande para ser explorado e ao mesmo tempo tão concentrado, os juros, tarifas, acontecerão de acordo com o que quer o “cartel da gravata”, eliminando o sistema da concorrência. Palavra que ultimamente só aparece quando procuramos emprego. A propósito, o desemprego vem caindo mesmo como o governo vem afirmando? Meu faro razoavelmente aguçado diz que não. Mas isso é outra história.

O importante é sentarmos em frente da TV (de preferência a Globo), desligar nossos cérebros por uma hora que seja, e sonharmos que estamos em outro lugar. Porém, vocês irão acordar e vão perceber que ainda estão na pátria amada. Bons sonhos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ae Luiz!

Meu, só vc prá escrever sobre esses temas.

Excelente matéria!!

Agora duas perguntas: será que as taxas que os bancos cobram vão subir ainda mais? E a CPMF irá continuar??

Abraços,

Renan

Unknown disse...

E o Governo Federal insiste:

"Brasil, um país de todos"!

Belissímo texto, parabéns!