domingo, 23 de setembro de 2007

A máquina apodrecida

Prezados leitores, hoje, dia 23 de setembro iniciam-se nossas reflexões e debates acerca dos principais fatos que emergem no cenário político contemporâneo. A fim de proporcionar uma nova relação político-social se desenvolverão os comentários e análises desta editoria. E ainda, com uma busca constante por promover um jornalismo político que não, simplesmente, repita notícias-lugares comuns do país, objetiva-se atingir a integração entre sujeitos e objetos sociais.

Todavia, os últimos acontecimentos da política nacional não nos deixam condições razoáveis para um debate contido, isto é, desde o acalorado 12 de setembro o país compartilha um tipo diferente de inquietação em relação àquela que toma conta dos ares do Congresso nas últimas semanas.

Intolerância e indignação. Essas são as características presentes no discurso da população diante da absolvição do senador Renan Calheiros, durante a cobertura midiática dos dias posteriores ao fato. Todos os telejornais, em pesquisas de opinião, saíram às ruas e indagaram aos cidadãos sobre a absolvição. O resultado foi unânime: todos os entrevistados construíram suas falas por umas das palavras citadas acima. Por outro lado, nenhum dos órgãos da impressa teve quaisquer registros de movimentações públicas ou protestos de nenhum segmento social. Talvez a intolerância e a indignação das palavras não tenham se mostrado capazes de transformá-las em ações.

Como afirma Lya Luft na coluna da Veja desta semana - Ponto de Vista, “Hoje, parece que ninguém mais liga para insultos, leves ou pesados – nada pega, tudo é água em pena de pato, escorre-se e acabou-se. Um povo teflon”.
Tendo em vista a ausência de manifestações sociais, seria mais conveniente uma análise comportamental, a fim de compreender a dissonância de atos e aspirações que a população brasileira vivencia.

São argumentos convincentes nos permitem caracterizar o Estado como “máquina apodrecida”. Não apenas por fatos isolados, mas antes de qualquer outro, a resposta social brasileira – que não se esforçou em superar a superficialidade em suas críticas ao ocorrido no Senado. Assim, dá-se abertura a outras e outras atitudes, que gradativamente, continuarão a quebrar e apodrecer a máquina.

Espero que o comentário de hoje provoque algum tipo de reflexão que instigue ações e ainda, que tenha fornecido um olhar diferenciado acerca da chamada ética do Estado em parceria com a, quase esquecida, ética social.

Abraços e boa semana a todos.


6 comentários:

Anônimo disse...

Achei muito interessante a matéria e gostaria de colocar meu ponto de vista a respeito dessa situação. Cada vez mais a população se "acostuma", erradamente, com a situação política do pais, muitas vezes com o pensamento de que: nada pode ficar pior, porém tomando este tipo de iniciativa estao dando margem para que os politicos mais e mais abusem de sua condição hierarquica mais elevada na sociedade. Assim sendo, nunca poderá haver um combate realmente efetivo conta a impunidade e a corrupção. Uma forma de talvez inibir a ação de tais corruptos seria a proibição do voto secreto em alguns casos de votação, assim como foi o de Renan Calheiros, dessa maneira todos que votaram e nao votarama estariam expostos e pressionados de alguma forma.
Espero ter adicionado algo à materia.
Ate mais...hehehehe

Max Novais disse...

Estaríamos todos errados? Será que esta história de ética, veracidade, responsabilidade, são mentiras inventadas por nossas mães?? Ah!!! Acho que acabei de encontrar as culpadas pelos problemas do Brasil! São as mães!! Elas inventaram todas estas regras sociais só para não deixarmos a casa bagunçada! Então, como bobos levamos isto para a justiça, para o esporte, e para a política. Política... que erro levarmos ensinamentos maternos para a política! Portanto a partir de hoje não vamos condenar pessoas como Renan Calheiros ou Paulo Maluf, eles não tiveram mãe, por isto desconhecem estas lições... Sorte deles!

Heloísa Pantoja disse...

Oi Fá...gostei muito da sua matéria.
A minha visão a respeito disso é a seguinte: o povo vê esse tipo de coisa, e se acostumou tanto que acha que não pode fazer nada.
O que eles não percebem é que o governo teme o povo. Se as pessoas realmente quisessem fazer alguma coisa, bastaria se unir.

Mas nesse caso específico o povo não engoliu o que aconteceu. Talvez (e eu espero estar certa) dessa vez, o povo se canse e tome uma atitude.
Eu acredito que o povo não vai ficar calado por muito mais tempo.

Fá, um beijo e parabéns, sua matéria está ótima!

Anônimo disse...

Fala F�!
Em meio a todo esse caos pol�tico que n�s brasileiros vivemos h� muitos e muitos anos, mais evidente de uns tempos pra c� voc�s jornalistas t�m um papel fundamental na informa�o e principalmente na forma�o da opini�o dos leitores!Plantar a semente da indigna�o � o primeiro passo para grandes mudan�as!� muita responsabilidade, hein!Sempre tive certeza de que voc� daria conta do recado, desde os tempos de escola,
e hoje, cada mat�ria sua que eu leio s� confirma as minhas expectativas!Tenho muito orgulho dessa minha amiga!
Um super beijo!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Não sei se é total e absoluta verdade sobre a indignação de todos, pois se todos estivessemos realmente indignados com os fatos, creio q isto não estaria acontecendo.

Não adianta de nada simplesmente reclamar pelos acontecimetnos se nada fazemos para mudar as coisas.

O só fato de ficarmos quietos totalmente convencidos de que "as coisas são assim e não mudaram nunca" (que é o que todos falam) nos da uma possição de total inatividade e mediucridade.

Muitas vezes tento discutir fatos politicos com as pessoas, e me acreditam uma louca por isso, porque vejo pouca importância no assunto. A politica tem se tornado no sinomimo de roubo e corrupção para todos, mas ninguem faz nada para mudar as coisas, simplesmente reclamar não adianta. Estamos em falta de pessoas ativas, e que logrem motivar e incentivar mudanças no nosso pensar e agir. Mas o medo e a conformidade hoje em día é maior que tudo.